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Estágios do Impacto da Dependência Química na família !

 A dependência química vem mobilizando o sistema de saúde e ganhando visibilidade devido à complexidade na solução desse problema. Um número considerável de pessoas residentes em centros urbanos, tanto no Brasil, como no mundo, consome de forma abusiva substâncias psicoativas.

Constata-se que, além de uma doença, a dependência química é um grave problema de saúde pública necessitando da atuação em busca de estratégias para a prevenção, o acompanhamento e o tratamento dos usuários e familiares.

Estágios do Impacto da Dependência Química na Família

Frente à percepção do uso de drogas por seu familiar, a família passa a conviver com esta realidade e sofre por não saber lidar com os problemas ocasionados pela drogadição, passando por quatro estágios sob a influência das drogas que, devido à singularidade e subjetividade de cada uma, podem não se apresentar no mesmo processo em todas elas.

No 1º estágio, há predomínio do mecanismo de defesa da negação. A família e o usuário vivenciam situações de tensão e conflitos, porém não verbalizam os seus sentimentos e pensamentos em relação a tal problemática.

Durante o 2º estágio, a família desperta para o problema, preocupa-se com tal questão, tenta controlar o uso da droga. Neste momento, evita abordar o assunto e mantém a ilusão de que as drogas não são as causadoras dos problemas familiares.

No 3º estágio, os membros familiares assumem papéis rígidos, previsíveis e realizam uma inversão de papéis. As famílias assumem responsabilidades de atos que não são seus, impedindo que o dependente químico perceba os problemas advindos do consumo de substâncias psicoativas (SPA).

Finalmente, o 4º estágio é caracterizado pelo desgaste emocional dos familiares e podem surgir alterações comportamentais entre os seus integrantes. A situação fica insustentável, ocorre um distanciamento entre os membros, o que gera uma desestruturação familiar.

A inserção familiar no processo terapêutico a corresponsabiliza, pois o dependente químico necessita de ser assessorado, considerando-se as suas dificuldades de relacionamento com os membros familiares e pessoas do ambiente externo. Além disso, o apoio familiar favorece a adesão do usuário ao tratamento e ao serviço de saúde.

Importância dos Grupos de Apoio

Ao oferecer apoio emocional e informações/orientações, grupos de apoio possibilitam a percepção da situação real que estão vivendo, por meio do conhecimento de dados mais concretos sobre o problema e diminuição das fantasias a ele relacionadas, ajudando-os no enfrentamento da crise vivenciada.

O grupo de apoio/ suporte oportuniza aprender novos comportamentos em clima de compartilhamento e aceitação. Por isso, apresenta-se como um excelente recurso terapêutico para lidar com pessoas que vivem situações de crise, tendo como objetivos promover coesão e apoio, elevando a autoestima e a autoconfiança de seus participantes.

Incontáveis são as histórias trágicas e comoventes. Pessoas que perderam seus familiares, pessoas que viram a morte cara a cara, pessoas que sorriram na foto com a plaquinha “venci o Covid”. Pessoas que perderam seus empregos, pessoas que fecharam seus negócios, pessoas que se reinventaram e aprenderam um novo ofício. Ademais, as pesquisas mostram um exponencial aumento no número de divórcios e, paralelamente, um crescimento exorbitante da violência doméstica. 

De uma forma ou de outra, as pessoas estão sofrendo. Estão adoecendo. Estão exaustas. Ou será que já estavam?

São tantos os desdobramentos que um turbilhão de pensamentos se misturam na minha mente e seriam necessárias várias linhas escritas para tentar deixar o pensamento coeso. Tantas reflexões ao mesmo tempo, mas a pergunta que paira na minha mente é se alguém sairá ileso. 

Poderíamos falar sobre o isolamento social, poderíamos conversar e levantar a bandeira da violência doméstica, poderíamos refletir sobre o uso indiscriminado de benzodiazepínicos, poderíamos procurar soluções e tratamentos alternativos para os transtornos de ansiedade. Poderíamos gritar aos quatro cantos sobre formas de prevenir o suicídio.

Mas não, estamos apenas prescrevendo... 

Continuamos perdendo mais tempo postando nossas rotinas na academia e lotando boxes de Crossfit, como se já não carregássemos peso em demasia. Continuamos dando vazão para a vida de famosos e sobre quem separou de quem, enquanto a vizinha com 3 filhos sofre por um divórcio desencadeado por uma agressão. 

Continuamos fechando os olhos para uma epidemia que reverbera há anos, mas que seu grito intensificou ferozmente agora...

Será que medicalizar é a saída? Receitar psicotrópicos como dipirona torna tudo mais fácil ou apenas mascara uma realidade cruel? Será que estamos apenas dopando uma sociedade adoecida? Negligenciarmos as dores dos outros, mesmo que desconhecidos, é menos doloroso para nós? Será que estamos nos calando? Nos omitindo? Nos escondendo? 

Qual o nosso papel enquanto cidadãos? 

Convido todos a refletirem sobre o exercício de sua cidadania, pois jamais teremos uma vacina capaz de transformar quem somos. Espero que a nossa luta por pessoas saudáveis física, psicológica e socialmente seja intensa e incansável. Que possamos combater, na linha de frente, todas as outras mazelas humanas: a corrupção, a pobreza, o desemprego, o preconceito, a violência em todas as suas formas. Percebam: a doença na alma também tira o ar, o brilho, a vida. Enfim, que sejamos muito além de espectadores ou ouvintes, mas que sejamos ativos e militantes em prol de um mundo são.



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