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TRATAMENTO PARA JOGO PATOLÓGICO


Apostar em jogos de azar é um comportamento de origem remota no mundo e de frequência elevada no atual Brasil, o sonho é ficar rico do dia para a noite. Do jogo do bicho aos videogames, passando por cassinos, corridas de cavalos, videopôquer e bingo, o jogo é praticado como forma de lazer.

Em 1.850 antes de Cristo, já haviam regras inseridas no código de Hamurabi restringindo o jogo. Na Bíblia também aparecem registros sobre o jogo no Livro de “Números”, Antigo Testamento.
Essa atividade lúdica e banal de apostar em jogos de azar, porém, pode transformar-se em um comportamento que foge ao controle do indivíduo, caracterizando-se como Dependência em muitos aspectos similar à Dependência Química de drogas e álcool como por exemplo a abstinência e a tolerância, justificados por um possível substrato fisiológico comum dessas dependências.

A Dependência em Jogos, ou Jogo Patológico, foi formalmente reconhecida como um comportamento patológico segundo critérios psiquiátricos.

Em 1.994, em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais IV (DSM-IV), o Jogo Patológico foi caracterizado principalmente pela persistência e recorrência do comportamento de jogar indicado pela presença de algumas observações, entre elas:

(1). Preocupação excessiva com o jogo;
(2). Necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores, a fim de obter a excitação desejada;
(3) Esforços repetidos e fracassados no sentido de controlar, reduzir ou cessar com o jogo;
(4). Inquietude ou irritabilidade, quando tenta reduzir ou cessar com o jogo;
(5). Após perder dinheiro no jogo, frequentemente volta outro dia para ficar quite (recuperar o prejuízo);
Dentre outros, que vai desde o hábito de mentir à família e amigos a cometer atos ilícitos para conseguir recursos e se manter firme na jogatina.

O Jogo Patológico é um problema gravíssimo, principalmente pelos prejuízos que provoca e pela extensão de sua prevalência. Danos financeiros, legais, médicos e psicológicos são algumas das consequências quando o jogador patológico se encontra na “Faze do Desespero”. Esse período é caracterizado pelo aumento de tempo e dinheiro gasto com o jogo e pelo afastamento da família, que percebe que o jogador patológico não só não paga suas dívidas, como também continua a jogar desenfreadamente. Um estado de pânico aparece, uma vez que o dependente em jogos começa a se dar conta do tamanho de sua dívida, do seu desejo de pagá-la prontamente, do isolamento de familiares e amigos, da reputação negativa que passou a ter em seu meio e, finalmente, de um desejo nostálgico de recuperar os primeiros dias de vitória. A percepção desses fatores pressiona o jogador patológico e o comportamento de jogar aumenta ainda mais, na esperança de um ganho que possa resolver todos esses problemas. Alguns passam, então, a utilizar recursos ilegais para obter dinheiro, sendo frequentemente processados judicialmente, ameaçados, etc.

Nessa fase, é comum a exaustão física e psicológica, sendo frequentes a depressão e pensamentos suicidas. Quando a situação chega ao extremo, há suicídio, prisão ou uma fuga do ambiente. Devido a toda complexidade e delicadeza do caso, é muito importante a família procurar ajuda de uma clínica de recuperação especializada para dar início ao tratamento do jogador patológico.

É importante ressaltar, que a ludopatia ou ludomania (vício em jogos), é uma dependência proporcional à dependência química em seus fatores psicológicos, fisiológicos e psiquiátricos, que em alguns casos pode se agravar muito mais do que uma dependência em drogas ou álcool.

Não existe no Brasil uma clínica de recuperação específica somente para jogadores compulsivos, geralmente o tratamento é realizado em algumas clínicas de recuperação que oferecem além da estrutura do tratamento para dependentes do álcool e outras drogas, a estrutura multidisciplinar para atender também os casos de jogadores compulsivos. A doença é praticamente a mesma, somente o que muda é o método de se alcançar o prazer imediato e infiltrar-se no ciclo vicioso.

Existem algumas clínicas de reabilitação que oferecem esse tratamento inclusive com excelentes resultados tanto para adolescentes quanto para adultos. É muito importante a família buscar ajuda profissional o quanto antes, pois por se tratar de uma doença progressiva, a demora no início do tratamento somente tende a ir agravando cada vez mais o quadro do paciente podendo até desenvolver comorbidades psiquiátricas que se tornam irreversíveis.


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